© Paolo Troilo
todas as histórias deviam ter um epílogo, escrito ou imaginário.
esta tem, e com um agradecimento muito especial ao ilustre Impontual, cujo selo de qualidade é de todos conhecido.
psycho killer (epílogo)
by Impontual
(...)
Duarte estava agora a aguentar toda aquela cena, completamente virado para dentro, da mesma maneira que aguentava tudo. As palavras "ainda há pouco pedias a Deus por sinais" abriram caminho pela sua mente como grotescas enguias nadando em águas pesadas cheias de algas negras ondulantes, rodopiando e redemoinhando à volta umas das outras. Agarrou com firmeza o último copo, formando com ele uma dupla compacta: solitários, sofredores em silêncio, devoradores de vidas inconsequentes. Era difícil abandonar-se, render-se. No fim do dia tinha sempre vontade de dormir sozinho. Despiu-se e encheu a banheira. Ficou de molho durante imenso tempo, folheando umas revistas que nem teve o cuidado de não molhar. Bebericou as últimas gotas de bourbon que repousavam no fundo do copo. Na boca ficou-lhe um travo a chuva. Quando sentiu que a água quente tinha cumprido o seu papel, aliviando-lhe a tensão das pernas e concentrando-a no sexo, masturbou-se, arqueando o corpo no momento crucial para romper a água e ejacular para o ar. Para espanto seu, uma gota de esperma bateu na lâmpada pendurada no tecto, com um som crepitante, projectando uma sombra trémula e fugidia.
- "Deus queira que Deus não exista, Deus queira que Deus não exista", vociferou de olhos semi-cerrados
Já comentado lá, digo aqui o mesmo:
ResponderEliminarExcelente epílogo para uma excelente história!
:)
Exagero teu pá, mas o epílogo está muito bom!
EliminarAbraço
As histórias boas, como é o caso desta, têm de ter, como diz e bem, um epilogo imaginário em aberto.
ResponderEliminarObrigado, mais uma vez.
Abraço.
Outro exagero, não é assim tão boa... mas abre boas perspectivas de abordagem.
EliminarEu é que agradeço.
Abraço