junho 05, 2017

Lição


Idyll
Tamara de Lempicka


As manhãs de Junho, ainda com nevoeiro, cheiram a mar, trazem calor em raios finos de sol, abrem mentes e despertam sentimentos. São dias de amar. Foi num agarrar destas manhãs, que gritam vida, que Lenita enviou a seguinte mensagem a João. "Hoje vamos fazer amor. Ao fim do dia passeio na praia, depois jantar. Amo-te. Beijos". João conduzia, contemplando o sol que nasce do lado de​ lá da serra, à direita, e à esquerda, o nevoeiro cerrado que tapava o mar. Muitas vezes falava com deus, como se um amigo mortal o acompanhasse à pendura. Quando parou o carro, leu a mensagem, e sorriu.
O dia foi rodopiando, e João deu por si, na pausa do cigarro, a sonhar com as curvas generosas de Lenita, os seus gemidos e carinhos de luxúria.

[...]

Arregaçaram as calças, sentiram o conforto dos pés molhados e da areia mole. Ela deu-lhe a mão. Caminharam, lentos e unidos. O pôr-do-sol é a hora que nascem os amores. Lenita sabe disso. O frio da água temperado com o quente dos corações, o silêncio cúmplice, e o lento dormir do sol, eram tudo o que Lenita tinha encomendado.

[...]

O jantar foi muito agradável. O peixe grelhado embalou conversas sobre gostos pessoais, música e pintura primeiro. O outro lado do peixe, bem grelhado, levou-os em viagens feitas e por fazer. O último copo de vinho, branco caro, entornou em literatura, em toques escondidos debaixo da mesa, e a mão dada com amor.

[...]

Em casa, na varanda, um beijo, olhares lascivos ritmados em álcool e fumo. O diálogo manteve a afinidade, e a volúpia.

[...]

Na cama, Lenita deu-lhe a mão e suspirou. João, com todos os sentidos despertos, alvitrou:
- pensei que íamos fazer amor!
- oh João! Não temos feito outra coisa desde o fim do dia! Vou dormir e sonhar contigo.

[...]

João fechou os olhos, e sorriu, como que assimilando a lição de Lenita. Demorou- se no sono, e lembrou-se das palavras de Manel Mau-Tempo, para a acordar com um beijo de manhã.

Malmequeres de um branco muito leitoso, com estames de amarelo-vivo, coroavam a cabeça pousada aos pés de um salgueiro. Aproximei-me dos lábios purpúreos e vulneráveis, julgando-a ensopada na morte. O pescoço de porcelana pintado de veias finas, pulsava levemente, ritmado com o voo das libelinhas azul-eléctrico.








14 comentários:

  1. Tudo o q é romance, è gracioso! :)
    Tenho de encomendar um... ! :D

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    1. Continuo acreditar que quando amamos nem tudo é improviso, se nos dermos muito pode ser planeado, encomendado :) e ser bom tal e qual como um improviso!

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    2. Eu amo o amor! :) e e e e adoro o romance!!!
      Estou recpetiva ... ao que passou, eee ao novo! :D
      Ou seja, estou a imaginar me a pedir festa...lol.

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    3. :))))
      Muito bem é esse o espírito de se pede!

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    4. Acontece, quando tiver que acontecer! :))

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    5. Que não se duvide que acontece! Às vezes acontece e nós não vimos :)

      Por isso olho aberto Flor!

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    6. Vou ver se provoco qualquer acontecimento! :)
      Como quem nã quer a coisa! :))
      Sou tímida. :)))

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    7. Obrigada, mais uma vez pela simpatia, Miguel! :)

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  2. Que lindo!
    O amor está mesmo presente nos pequenos detalhes que transformam-se em grandes momentos de prazer.

    Beijos, Miguel! ;)

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    1. Obrigado Helena
      É verdade, os detalhes as pessoas não prestam atenção aos detalhes!
      Beijo :)

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    1. :) GM que exagerada​!

      Uau! É um lacónico perfeito

      E foi o que pensei do texto do MMT

      Beijinhos

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  4. É isto mesmo, o AMOR.

    Beijinhos, Miguel :)

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